A alimentação exerce um papel determinante na saúde bucal, sendo responsável tanto pela manutenção da estrutura dentária quanto pela prevenção de doenças como cáries, gengivite e erosão ácida. Os dentes, embora sejam estruturas mineralizadas e resistentes, estão em constante interação com o meio bucal e, portanto, sujeitos à ação de alimentos e bebidas ingeridos diariamente. Estudos apontam que a dieta rica em açúcares fermentáveis, como sacarose, glicose e frutose, está diretamente associada ao desenvolvimento da cárie dentária, uma das doenças crônicas mais prevalentes em todo o mundo. Esses açúcares servem de substrato para bactérias cariogênicas, como Streptococcus mutans, que os metabolizam e produzem ácidos capazes de desmineralizar o esmalte dental.

 

Além da presença de açúcares, a frequência da ingestão alimentar também influencia diretamente a saúde dos dentes. Comer com muita frequência, especialmente alimentos açucarados ou ácidos, reduz o pH bucal e aumenta o tempo de exposição do esmalte aos processos de desmineralização. De acordo com a Organização Mundial da Saúde a exposição constante ao açúcar livre está entre os principais fatores de risco para doenças orais e sistêmicas. Por isso, recomenda-se limitar a ingestão de alimentos açucarados a no máximo uma ou duas vezes por dia, preferencialmente durante as refeições principais, quando o fluxo salivar é maior e ajuda a neutralizar o ácido produzido pelas bactérias.

 

Por outro lado, uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes como cálcio, fósforo, vitamina D e vitamina C, contribui para a formação e manutenção da estrutura dentária e do periodonto. O cálcio e o fósforo são fundamentais para a mineralização dos dentes e ossos, enquanto a vitamina D facilita a absorção desses minerais no organismo. A vitamina C, por sua vez, tem papel essencial na síntese de colágeno, importante para a saúde das gengivas e dos tecidos de sustentação dos dentes. Alimentos como leite, queijo, iogurte, vegetais verdes e frutas cítricas são exemplos de opções que promovem a saúde bucal quando inseridos regularmente na dieta.

 

Outro ponto relevante é a erosão ácida, que não está necessariamente relacionada à presença de bactérias, mas sim ao contato frequente de ácidos diretamente nos dentes. Refrigerantes, sucos cítricos industrializados e bebidas energéticas são altamente ácidos e podem causar a perda progressiva do esmalte, tornando os dentes mais sensíveis e suscetíveis a cáries e fraturas. A literatura científica ressalta que esse tipo de desgaste dentário é cada vez mais comum, especialmente em jovens adultos e adolescentes, reforçando a necessidade de educação alimentar e de práticas preventivas, como o uso de canudos e a ingestão de água após o consumo de tais bebidas.

 

Por fim, é essencial destacar que a saúde bucal deve ser compreendida como parte integrante da saúde geral. A alimentação saudável, além de prevenir doenças orais, influencia positivamente no sistema imunológico, no controle de doenças sistêmicas como diabetes e doenças cardiovasculares, e na qualidade de vida como um todo. Dessa forma, investir em bons hábitos alimentares desde a infância, aliado a práticas regulares de higiene bucal e visitas periódicas ao dentista, é uma estratégia eficaz para garantir dentes fortes, gengivas saudáveis e um sorriso duradouro. A orientação nutricional individualizada, com suporte de um dentista e um nutricionista, pode potencializar ainda mais os resultados preventivos e terapêuticos.